Meu
grito
Thiago
Pereira dos Santos
Querem abafar meu grito
Querem me colocar embaixo do tapete
Querem provar que eu não existo
Pois eu não sou de família nobre
Nasci pobre, preto, gay, trans, mulher
Nasci marginal
Bem longe do centro
Minha voz bem longe de seus microfones,
de suas rádios, TVs, outdoors
Mas alguém que sofreu como eu
Pobre, nordestino, com fome
Compartilhava da minha dor
E sonhou um futuro menos infeliz
Para minha existência
E se minha voz pode ser ouvida hoje
Se um pouco mais de respeito encontro
Tudo isso é fruto de muita luta
Contra tantos lobos em pele de cordeiro
Que com suas tintas mágicas
Suas fórmulas prontas
Querem me tornar invisível
E fingir que eu não existo
Mas a minha voz ainda pode ser ouvida
Minha igreja, a sua igreja
Está cheia de falsos fariseus
Aqueles mesmos que há mais de dois mil
anos
Não foram escolhidos para apóstolos
Apesar de cumprirem todas as leis
O motivo? Não se ensina a amar por meio
de leis
Estes homens se escondem atrás de uma
falsa fé
Para promover uma “Marcha da família com
Deus”
Que família? Aquela hétero? Branca? Rica?
Classe média alta?
Em um país que tudo se compra
Querem comprar meu direito de ser
cidadão
E me disseram que eu só não sou livre
Por culpa de um tal bolsa-família
Mas...
Por que teme ó cidadão
Que uma pequena parte do seu imposto
Seja dado a quem anda de pé no chão?
E só do resto da tua comida pode sentir
o gosto?
Preferes que teu país
Seja tomado por homens gananciosos
Com um discurso simplista e infeliz
Querem privatizar nossa pátria e seus
bens mais preciosos
Para cumprir essa agenda
Cometem todo tipo de injustiça
Pois há corruptos que os atenda
Até mesmo nos mais altos cargos da “justiça”
Querem ao trabalho do corpo teu
Meros centavos pagar
E quando este envelheceu
A aposentadoria não há de chegar
E aquele homem que me deu voz
Querem agora calar
E junto à ele todos nós
Invisibilizar
Vamos resistir
Vamos lutar
Não vamos desistir
Lula mais essa vai ganhar